Analise o analista: Arrr(a)m
Se tudo correr como planejado, toda semana entrará no ar aqui um post da série "Analise o Analista", dedicada a avaliar o desempenho de psicoterapeutas de seriados (Paul Weston, Gina, Jennifer Melfi, Elliot e Frasier serão os primeiros).
Tudo começou com o Paul Weston. (Se você não sabe quem é Paul Weston vá à locadora ou à internet e alugue ou baixe as duas temporadas de Intreatment, sobre um psicoterapeuta fodão e seus pacientes destrambelhados. Cada dia é um paciente. E na sexta ele vai à terapia.)
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Mas como eu ia dizendo, tudo começou com o Paul Weston. Comecei a ver a série e de repente ele fez um "arrrr(a)n" (o a está entre parênteses porque ele é fraco, não é um a cheio, é um a meio murcho) que teve um estranho efeito sobre mim. Deixei passar e continuei vendo episódio, o primeiro de todos, com a Laura (uma paciente gata, médica, com boca à la Johannson). E veio outro "arrr(a)n". Mesmo efeito estranho, mas segui em frente. E veio o terceiro e, PUTAQUEOPARIU, eu percebi o que estava acontecendo. Era um "arrr(a)n" igual ao que o meu psicoterapeuta faz. A diferença é que o meu psicoterapeuta fala português (isso é bom) e não é gato como o Gabriel Byrne ; ) (AE! Sarah Palin!)
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Pois aquele "arrr(a)n" me inquietou. Será que o meu psicoterapeuta copia o Paul Weston? Descartei essa hipótese de cara, porque ele faz "arrr(a)n" desde antes do lançamento da série. Será que o Paul Weston imita o meu psicoterapeuta? Essa eu achei uma boa. Será que o "arrr(a)n" é um enlatado da psicoterapia, uma espécie de atum no óleo comestível dos momentos de tédio? Ó, não pode ser!
Na minha seção seguinte, nem dei oi direito e já fui perguntando: Você assiste àquela série de terapia? E ele: sim, mas qual delas? E eu: Intreatment. E ele: Ah, sim, muito boa. E eu: Pois bem, então me explica o "arrran" (eu não consigo fazer igual, por isso meu a está fora de parênteses)? E ele: "arrr(a)n" (IGUALZINHO). E eu: ÉÉÉÉÉ. E ele: risos.
Daí, eu juro que tudo isso é a mais pura verdade, ele me explicou. O tal "arrr(a)n" é uma técnica. Para manter o paciente falando. Tem algo de "siga adiante", um toque de "eu entendo" e uma pitada de "concordo". Segundo ele, o "arrr(a)n" está saindo de moda, sendo substituído por "entendo". Eu acho isso uma pena. Primeiro porque "entendo" é só "entendo" e "arrr(a)n" é mais amplo. Segundo, porque "arrr(a)n" é universal. "Entendo", dito por Paul Weston, seria "I see" ou algo assim, e eu nunca teria juntado lé com cré e essa conversa nunca teria acontecido e esse post não exisitiria e a intenção de analisar analistas de ficção nunca teria me ocorrido (e estaria desfeita a conexão entre o consultório dele em Baltimore, eu estava vendo a primeira temporada, e o consultório do meu psicoterapeuta em São Paulo).
Enfim, o "arrr(a)n", para mim, nunca mais foi o mesmo. Semana que vem acho que falo mais do Paul Weston. O pacote das temporadas de Sopranos está quase terminando de baixar. O das temporadas de Frasier ainda está na metade.
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PS: Essa linda cabeça rolante aqui de cima é da Veri, tem muitas outras e muitas outras ilustrações muito legais lá no Dona Margot
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