E dá-lhe shuffle

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É claro que a escolha do que vai para dentro do iPod é minha. Mas a ordem que ele decide tocar as músicas é curiosa. Imagino que tenha ali algum sistema de inteligência que perceba quais são as músicas ouvidas e quais eu sempre pulo. Mas o meu iPod faz escolhas mais sofisticadas do que isso.
Ele saca, por exemplo, se estou num dia caubói. E vai de Gram Parsons (obrigada, Fred) a Wilco ao vivo (obrigada, Filipe). Embora, bem quando eu estava escrevendo isso, ele tenha saltado do mesmo Gram Parsons para Ramones. Ele é um DJ ousado. Uma vez, depois de uma sequência de rockinhos mandou ver um João Gilberto. Eu fiquei sem fôlego.
Muitas vezes ele erra. E daí pode acontecer de eu soltar um: Ah, não... E se ele erra de novo, posso dizer: pára, meu... você tá viajando.
Em suma, o shuffle não só elimina o problema da escolha de músicas como faz companhia, vira uma espécie de amigo-dj-invisível (com a vantagem de não magoar com as críticas).
Alguns amigos defendem que qualquer iPod tem a função shuffle. Outros sugerem que eu faça playlists, para ter algum controle sobre o que vai tocar. Eles não entenderam nada.
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PS1: Hoje, o DJzinho que mora no meu iPod mandou uma boa: entre uma sequencia de três The Band e um Gram Parsons ele mandou um Jorge Ben. Eu até achei que o Jorge Ben tem algo de caubói.
PS: Eu ainda volto a falar no Sam Lucente aqui, ô se volto.
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