Embalagem de detergente: livre-se desse mal

Ela mina a alegria de viver, suga a beleza, agride as retinas

Todos os dias, cada vez que você vai lavar a louça, o que por si só já é chato pra caramba, você é atacado pela vileza da embalagem de detergente. 

Não é só que ela é horrorosa. Ela ataca. Em poucos usos, mal para de pé. Vive amassada, tombando. Até o som que ela faz é feio. E quando vai chegando no fim, você fica tentando equilibrar aquela porcaria de ponta cabeça, usando o biquinho ridículo como base, pra fazer o resto de detergente ir pro gargalo, mas nunca dá certo. Aí você desce mais um degrau, abre a embalagem, taca um pouco de água e fica lavando louça com detergente diluído... Pára, por favor. Chega. É deprê demais.

Já deu pra notar que eu amo os gif do Donald?

A embalagem de detergente foi projetada para minar a alegria de viver, pra sugar a beleza, ofender as retinas. E o pior: sem você perceber. Ela sempre esteve ali, na casa dos seus avós, dos seus pais, na sua. É uma maldição herdada. Ninguém questiona, todos resignados ao sofrimento visual e tátil de lidar com aquela desgraça diariamente.

Muitos anos atrás, agi. “Não dá mais pra mim."

A vida já é muito dura, as coisas que não podemos mudar, essa impotência diante de tudo. Faço o que puder pra me preservar, pra proteger meus olhos, meus sentidos.

Muitos anos atrás comprei um dispenser de detergente. 

Antes de falar sobre os benefícios do dispenser de detergente, quero alertar sobre as não-soluções.

Porta-embalagem de detergente

Desculpa, não queria ferir seus olhos. Era só pra trazer a ref visual. Não olha 2x

Quando tem uma catota no seu nariz, você retira a catota do nariz e elimina (no lixo, pelo ralo, na forma de bolinha pelos cantos, depende da situ). Você não cobre a catota com uma camada de lenço kleenex e fica numa boa com um pedaço de lenço pendurado no nariz. A solução é eliminar a embalagem de detergente e não cobrir com uma camada de alumínio. E mais. A embalagem tem uma única vantagem: você aperta, o detergente sai. Com o porta-embalagem essa vantagem acaba. Você precisa retirar a embalagem de detergente de dentro do homem-lata para, olhando pra ela e tocando nela (portanto, já sob seu ataque), apertar e usar o detergente. É uma não-solução.

Dispenser que quer fazer mais do que ser um dispenser

Tá foda, né? Que sequência, desculpa…

Sempre desconfio de esforço em excesso pra resolver coisas simples. Quero me livrar da embalagem do detergente. Não quero uma estação de limpeza 3x1 com porta-esponja e sabão. Menos é mais. E já é difícil achar um dispenser bonito, sabe? Esses com porta-esponja são todos horrorosos. Sem falar que a água suja da esponja usada fica empoçada lá dentro, ou seja, é mais uma coisa pra você lembrar de limpar. Na tentativa de resolver mais do que devia, ele cria um problema novo. Não-solução.

Vai na objetividade

1. Um dispenser simples. O meu é bem simples.

2. Uma embalagem bem grande de detergente, que sai mais barato na conta por ml.

3. Reabasteça o dispenser sempre que precisar. 

Além de nunca mais ter aquela excrescência sobre a pia da cozinha (com o tempo, quando você bater o olho numa embalagem de detergente sobre a pia vai achar que é lixo esperando uma carona até a lata), você nunca mais precisa lidar com o restinho de detergente na embalagem, porque quando está acabando você enche de novo. Você não precisa virar de ponta-cabeça, porque o canudinho do dispenser vai até o fundo. Você aperta a bombinha e o sabão cai na esponja. É tão melhor. É tão mais agradável. Só tem vantagens.

A vida fica um melhor se você não precisa encarar aquela embalagem. É igual calcinha do tamanho certo.

Aqui, pra limpar os olhos depois essas imagens horrorosas que fiz você ver, olha pra essa belíssima Natureza Morta (1946) do Morandi, que mora na Tate, em Londres.

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