O baile das bolinhas

Não uso Skype e destesto MSN: sou adepta do Gtalk. É lá que eu troco meus escritinhos. E é lá que notei mais um drama dessa vida digital: o monitoramento de status.
É o drama do baile das bolinhas, uma dinâmica que lembra muito a das festas: você está de olho em alguém e está numa festa em que pode ser que a pessoa apareça, daí você fica o tempo todo checando para ver se a pessoa apareceu. O mesmo se dá no Gtalk. Você sabe que a qualquer minuto a pessoa pode ficar verde. Então volta e meia vai lá conferir. Daí quando ela fica, frio na barriga, ai meu Deus, puxo papo ou não?
É por isso que eu detesto a bolinha vermelha, a de ocupado. Ela equivale a quando a pessoa chega à festa, mas, blasé, deixa claro que não está afim de papo. Não quer conversa? Fica invisível, pô. Seria lindo ir a uma festa e ficar invisível. Aqui você pode. É perfeito.
E ainda tem outra vantagem no Gtalk: você pode decidir que não quer saber se a pessoa está online ou não - se chegou ou não à festa. Decisão tomada, você sabe que não precisa mais checar. Porque você mesmo ordenou que aquela bolinha não apareça nunca. Só que você logo descobre que basta escrever o nome da pessoa lá emciminha para o Gtalk dizer se ela está ou não online. Daí você passa da checada geral pra checada específica. Nesse caso, só resta bloquear. Mas daí a pessoa também nunca vai saber que você está online e daí vai que ela queira falar com você por ali, vai achar que você nunca mais conectou.
E isso tudo sem falar do ausente, o auge do monitoramento. A bolinha estava verde e fica amarela, você conclui: saiu da frente do computador. Daí fica verde, e você: opa, voltou, agora responde.

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