O que você falaria se tivesse um minuto pra conversar com seu eu aos 20 anos?
Desde a primeira vez que ouvi essa pergunta penso nisso. E acho que tô preparada. Se eu encontrar a Helô de 2001 vou dizer:
- Obrigada por dar tudo de si sempre. Eu sei, você tá exausta, mas vai render e você vai pra lugares que nem imagina (inclusive, você acha que você tá exausta… espera ter três filhos. Risos.).
Aí há meses eu vi isso aqui:
E, putz, lembrei que em 2001 eu adorava NOFX. Comecei a tocar os discos e, sem Delorean ou Doc, foi como viajar no tempo e encontrar eu aos 20 anos.
A gente lembrou de altas.
Que eu tinha certeza de que anarquismo era o caminho.
Que eu decidi que surpresas são o melhor e o pior da vida, algo tão ruim ou tão bom que você não consegue antever. Continuo achando.
Que inventei outra teoria – adorava inventar teorias (acho que eu confiava mais na minha criatividade do que confio hoje, mas aos mesmo tempo confiava menos eu mim mesma do que confio hoje): a de que a gente não se apaixona por outras pessoas. Quando a gente se apaixona por alguém, na verdade está apaixonado pela nossa versão que aquela pessoa traz à tona. Continuo achando essa teoria boa.
Aos 20 eu tava transitando entre a faculdade de jornalismo e a de moda, sonhando em escrever sobre comida e focando todos meus recursos em viajar. Meu objetivo: encher meus olhos de beleza. Passava bastante tempo pensando nas escolhas estéticas que a gente faz todo dia (comer e se vestir) e em como instigar meu paladar com comidas e bebidas surpreendentes com meu salário de jornalista iniciante.
Eu já sabia que minha navegação pelo mundo ia ser melhor se eu me deixasse guiar pelos meus sentidos e tava começando a conseguir trazer isso pra mais perto de mim. Depois de cansar de ouvir NOFX (legal, engraçadinho, divertido demais ver como as letras que se aprende aos 20 anos nunca mais saem da cabeça, mas tá), comecei a achar que a pergunta boa não é o que eu falaria pra eu de 20 anos. Mas o que a eu de 20 falaria pra mim.
Eu acho que seria algo como:
- Caraio, que grande aventura. Mas, na boa, você virou uma bundona, hein.
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Eu diria para o meu eu anterior (na verdade são como aquelas camadas dos sobreiros, saem as de fora como cortiça, mas o core é único e imutável): "vai ser uma bosta, mas vai ser bom". Lembrei do Wittgenstein que teve uma vida horrível (do meu ponto de vista) e morrendo disse: "minha vida foi maravilhosa"
Eu diria que persistência e paciência são qualidades a serem perseguidas desde muito cedo.