Peido na grande imprensa

Foi tanta felicidade que eu quase soltei um peidinho, eita, um gritinho: hoje, a Ilustríssima, editada pelo editor erudito (e bom amigo) Paulo Werneck, que volta e meia aparece aqui, dedica uma página inteira ao peido. Um ensaio de Moacyr Scliar guia o leitor pelos estudos escatológicos, dedicando páragrafos e parágrafos ao maravilhoso "A Arte de Peidar" e aumentando a lista de livros a ler para quem se interessa pelas verdadeiras entranhas do homem.
Antes de falar sobre a minha grande emissão, eita, emoção matinal, aqui vai o início do texto:
O SER HUMANO tem a capacidade de transformar aquilo que é primariamente uma função biológica, a reprodução, numa fonte de emoções e sentimentos que servem, por sua vez, de inspiração para manifestações artísticas, na música, na pintura, na literatura. O beijo, o ato sexual, o orgasmo foram o ponto de partida para grandes obras literárias. Mas será que isto vale para outras funções biológicas? Será que é possível compor uma canção, ou um poema, ou um ensaio sobre o prosaico ato de urinar? Ou sobre as funções intestinais?
Quando buscamos respostas para esta pergunta, ingressamos nos domínios da escatologia, palavra que em português tem, curiosamente, duplo sentido. De um lado significa o estudo dos excrementos; de outro, refere-se à abordagem teológica ou filosófica dos eventos que devem acontecer no fim dos tempos. Ambiguidade que o inglês evita usando duas palavras, "scatology" e "eschatology", respectivamente.
Mas a possível confusão que pode ocorrer em nossa língua não deixa de ser simbólica; sugere que muitas vezes é tênue a linha que separa o espiritual e o transcendente daquilo que é quase grosseiro. O grosseiro é, em primeiro lugar, fácil matéria-prima para anedotas, o humor escatológico, o "toilet humor" dos americanos.
Leia na íntegra aqui.
Pois bem, a minha primeira reação, ainda durante um curto êxtase autorreferente, foi a de quem recebe uma homenagem. Embora seja sim ensimesmada, achei que era pequeno demais pensar assim. Então veio a clareza mental: o movimento pelo livre peidar chegou à grande imprensa!
Bom domingo e boa leitura
