Quero ser patricinha
Já comigo é o contrário. Volta e meia concluo que preciso ficar mais arrumada. Daí toca pro shopping, atrás de saia, salto, sandália. E sempre volto com mais uma camisa xadrez e outro par de tênis. Quero comprar uma bolsa, mas compro mochila. Quero um casaquinho, volto pra casa com outra jaqueta de zíper.
E quando eu acho que preciso aprender a me maquiar? Sempre igual. A amiga diz: passa corretivo, base e pó. Passo tudo. E daí as sardas somem e o demaquilante entra em ação. Minha cara já é pintada. Não dá para apagar sarda.
O mesmo acontece com brincos. Tento usá-los nas orelhas, mas já tenho um no nariz. Daí os três me parecem muito e o do nariz ganha. E os de orelha voltam às gavetas.
O drama do batom veio antes ainda. Toda vez que a gente ia sair de casa, lá vinha meu pai ou minha mãe: "mas não vai passar um batonzinho?". Não. Detesto batom. E, se passo, acho que virei só boca, que todo o resto sumiu, olho, nariz, queixo, orelha, cabelo.
A próxima pergunta era sempre: "não vai dar uma penteada no cabelo?" Essa me irritava demais. Eu sempre tive um modo próprio de me arrumar. Eles chamavam isso de desleixo; eu, de estilo.
E tem funcionado. Até faculdade de moda eu fiz. Mas, hoje em dia, eu queria ser mais patricinha. Em parte porque, quando vê alguma delas, o Dani faz sempre o mesmo comentário:

É verdade. Mas eu também vou à manicure regularmente, tenho meu cabeleireiro talentoso a que vou a cada 3 meses, passo creme francês e até tenho uma chapinha. Mas nada disso me faz mais patricinha. Estarei sempre mais próxima do mano do que do boy.
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