Sexo e religião no coletivo

Tive a grande sorte de testemunhar, dia desses, um debate cantado no ônibus da linha Terminal Vila Nova Cachoeira-Terminal Princesa Isabel.
Foi assim: lá no fundão do coletivo tinha um sujeito com o celular tocando alto um funk bem sacana do tipo atoladinha. E ele cantava junto, versinho por versinho, em uma letra que dizia algo como mete fundo, vai metendo, mais assim, mais assado e por aí a coisa ia.
E assim foi, por alguns minutos. Até que, do meio do ônibus, uma mulher puxou o duelo e começou a cantar, a plenos pulmões, mais ou menos assim:
- SENHOOOOOOOR, AFASTA O PECADO DE MIM, TENTAÇÃO VAI EMBORA, SENHOOOOR, LIVRAI-NOS DO PECADOOOOOOOOO TENTAÇÃÃÃÃÃÃÃÃO.
E o cara cantando as sacanagens:
- mete fundo, mete, vai, vem, isso e aquilo e de ladinho atoladinha
Durou um tanto esse improvável mashup. O cara se deu por vencido, desligou o celular, cessou a cantoria. E a mulher, então, parou de invocar os céus.
A viagem seguiu calma, sem sexo nem senhor, até que, do nada, a mulher voltou à carga celestial:
- SENHOOOOOOOR, AFASTA O PECADO DE MIM, TENTAÇÃO VAI EMBORA, SENHOOOOR, LIVRAI-NOS DO PECADOOOOOOOOO TENTAÇÃÃÃÃÃÃÃÃO.
Eu tenho certeza que ela não conseguia tirar da cabeça a meteção louca que o cara tinha cantado e estava invocando JC de novo para tentar parar de pensar naquilo.

1.297 caracteres com espaço